Incentivar a colaboração é um dos caminhos para melhorar a ciência brasileira e da América do Sul

O Brasil é o maior país da América do Sul. Ele divide esse subcontinente com outros onze países e alguns territórios, como a Guiana Francesa e Aruba, que dependem de outros países.

Apesar de no contexto global o Brasil ocupar posição, no mínimo, desconfortável, quando se considera seu tamanho, sua população e seus recursos, no panorama sul-americano ele é protagonista. Nesse contexto o Brasil se destaca por ser a nação com a maior quantidade de publicação e com uma grande quantidade de instituições de alto nível. 

Segundo o relatório “Research in Brazil: A report for CAPES by Clarivate Analytics” [1] que avaliou o período de 2011 a 2016 do cenário de pesquisa no país, o Brasil encontra-se na 13ª posição entre os países que mais produziram trabalhos científicos. Nenhum outro país sul-americano apareceu no ranking apresentado pelo relatório. O que demonstra que o país possui uma posição de destaque na produção de conhecimento na região. Por outro lado, o Brasil apresenta um baixo fator de impacto, quando comparado com a média mundial. O fator de impacto das produções brasileiras é de 0,78, enquanto a média mundial é de 1,00. Nesse quesito, o Brasil fica atrás da Argentina que apresenta um fator de impacto de 0,92. Esse país ainda apresenta uma presença maior de colaboração com a indústria (3,57) enquanto o Brasil apresenta  3,2.

Quando é falado em Universidades, o Times Higher Education (THE) [2] divulgou recentemente uma pesquisa que analisa as universidades sul-americanas de acordo com ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento para a indústria. Nesse ranking, o Brasil desponta como país com maior representação. Ao todo aparecem no ranking 61 instituições (de 166) de ensino brasileiras enquanto o Chile, segundo colocado em aparição, possui 30 instituições. O mesmo ranking apresenta a PUC-Chile como a instituição mais bem avaliada da região. Seguido por duas instituições brasileiras, a USP e a Unicamp. Entre as dez primeiras posições, sete são brasileiras sendo elas: UFMG (empatado na 5ª), UNIFESP (empatado na 5ª), PUC-Rio (7ª), UFSC (9ª) e UNESP (10ª). O Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey (4ª) e a Universidade do Chile (8ª) forma as 10 primeiras posições.  Sobre colaboração com os países vizinhos, na pesquisa da Clarivate Anlytics já há a indicação que há uma tendência crescente em colaborações entre os pesquisadores brasileiros e de instituições sul-americanas. Ainda há uma constatação muito interessante, trabalhos de pequisas que são feitos em colaboração com outros países possuem um maior fator de impacto. Nesse quesito o relatório “Research in Brazil: Funding excellence” apresenta mais detalhes referente ao período entre 2013 e 2018. Nele, é apresentado que em certas áreas, quando há a colaboração com países vizinhos, o impacto do trabalho chega a duplicar ou triplicar (Figura 1).


Figura 1. Fator de impacto de publicações com colaboração internacional nas áreas de Engenharia, e Ciências Exatas e da Terra.
Fonte: Research in Brazil: Funding excellence [3].

 

Apesar de o Brasil ser uma referência no continente, existem muitos outros casos de sucesso na região. Quando comparadas as Universidades, como indicados no THE, a PUC-Chile fica na frente de instituições brasileiras. Em relação ao fator de impacto geral das produções científicas, as publicações de pesquisadores argentinos possuem uma maior relevância e uma maior colaboração com setores industriais. Em contrapartida, o Brasil possui os maiores números de publicações e uma maior presença entre as melhores instituições de ensino superior da América do Sul. Essas informações por si só já demonstram como é importante incentivar a troca de experiências entre pesquisadores brasileiros e de países sul-americanos, pois além de incentivar o progresso da região, essa colaboração já evidencia que as pesquisas ficam mais relevantes e criam uma unidade no continente.

Referências

[1] Cross, Di; Thomson, Simon; Sinclair, Alexandra. Research in Brazil: A report for CAPES by Clarivate Analytics. Clarivate Analytics. 2018. Disponível em: <https://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/17012018-CAPES-InCitesReport-Final.pdf>. Acesso em 20 de julho de 2020. 

[2] Bermúdez, Ana Carla. Veja as 20 melhores universidades da América Latina, segundo ranking do THE. Educação UOL. Disponível em < https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/07/07/as-melhores-universidades-da-america-latina-segundo-o-the.htm>. Acesso em 20 de julho de 2020. [3] Web of Science Group. Research in Brazil: Funding excellence. Clarivate Analytics. 2019. Disponível em: <https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2019/09/ClarivateReport_2013-2018.pdf >. Acesso em: 20 de julho de 2020.

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