A américa latina é uma região do continente americano constituída, em sua grande maioria, por países que possuem idiomas originados a partir do latim. A maioria dos países possuem relações de colônias semelhantes, onde foram ocupados por portugueses, espanhóis ou franceses, durante um longo processo de exploração. Devido a sua grande ocupação territorial e colonização por países distintos, essa região é muito diversificada do ponto de vista geográfico e cultural, sendo ocupada pela maior floresta preservada do mundo, a floresta amazônica, tendo o Brasil como o país com maior extensão territorial da região.
Devido a grande diversidade cultural e climática da América Latina, há diversas regiões desse conjunto de países com histórias distintas, principalmente no que se refere ao tipo de colonização que receberam, sendo caracteristicamente de exploração nas regiões mais próximas à linha do equador. Isso explica a realidade atual, onde líderes de opinião e jornalistas em 2019 estabeleceram a corrupção, o desemprego, a instabilidade política, a criminalidade e a desigualdade social, nessa ordem, os principais problemas da região (IPSOS, 2019).
Nessa situação, em uma região com cultura, idioma, clima, fauna e flora tão diversos, é certo que seu potencial ainda não é explorado em sua plenitude do ponto de vista científico. Vessuri (1987) relata em seu estudo o crescimento de atividades científicas após a segunda guerra mundial apesar de ainda apresentarem fragilidade, depositando as chances de sucesso no preenchimento das lacunas entre academia, indústria e tomadas de decisões públicas. Esse cenário é observado até os dias atuais em que há distanciamento entre a academia e a indústria para o desenvolvimento de pesquisas em áreas importantes.
A maioria dos países latino-americanos possuem como referência os países desenvolvidos, como europeus ou norte-americanos, para compartilhamento e articulação científica, devido aos elevados investimentos na ciência. Porém, o intercâmbio local também pode gerar frutos fazendo com que ocorra o desenvolvimento da região através do uso da ciência e tecnologia para solução de problemas locais e expandindo o horizonte de alcance. O Relatório de Ciência da UNESCO: Rumo a 2030 (UNESCO, 2015) informa a redução dos níveis de desigualdade na década anterior e o registro de avanços em termos de acesso ao ensino superior, mobilidade e produção científica.
Além da produção científica, em nossa região, é necessário o alinhamento com políticas de divulgação da ciência para que a mesma tenha o alcance necessário a vários níveis da sociedade como na educação desde as crianças nas escolas, os desenvolvedores no ensino superior e a indústria consumidora das novas tecnologias. Ainda é pequeno o estímulo e a publicidade para criação de projetos inovadores em feiras de ciências escolares, apesar do grande crescimento recente de acesso às tecnologias no cotidiano das pessoas.
Por isso, a grande importância de realização de eventos científicos envolvendo grupos de pesquisa científica da América Latina para interação entre os pesquisadores, possibilitando o compartilhamento de experiências semelhantes de uso da ciência para o desenvolvimento da sociedade latino-americana, além de realizar a divulgação de trabalhos desenvolvidos na mesma região para a sociedade e permitindo integração entre a academia, o setor industrial e população local.
Referências:
IPSOS. Principales problemas de América Latina – Encuesta a líderes de opinión. 2019. Disponível em: <https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2019-10/ 6300119inf_v6_28oct19.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2020.
UNESCO. Relatório de ciência da UNESCO: Rumo a 2030-Visão Geral e Cenário Brasileiro. [S.l.]: UNESCO Paris, 2015.
VESSURI, H. M. The social study of science in latin america. Social Studies of Science, Sage Publications, v. 17, n. 3, p. 519–554, 1987.