Criação E Publicação de Texto Científico

A pesquisa científica, segundo Marconi e Lakatos (2004), é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo, requerendo tratamento científico constituindo um caminho para conhecer a realidade ou verdades parciais. Logo, consiste na aplicação prática de um conjunto de métodos de investigação para estudar um ou vários fenômenos, levando a confirmação ou refutação das hipóteses propostas a respeito de um determinado tema. Ela se caracteriza por uma série de estágios que devem ser elaborados para alcançar os objetivos propostos de acordo com o problema que se deseja abordar.

O processo de pesquisa científica pode ser dividido em etapas, que são concluídas com a produção de um texto científico que deve ser publicado ao fim da pesquisa em canal de comuni- cação de relevância do tema estudado. Os principais meios para publicação de resultados dessas pesquisas são conferências, jornais ou revistas. No entanto, o leitor deve estar se perguntando: Qual o motivo de publicar uma pesquisa? Para Cargill e O’Connor (2013) as principais razões para a publicação são o registro da pesquisa, o reconhecimento das idéias e resultados, a atração de interesses por outros pesquisadores da área, a coleta de feedbacks de outros cientistas e a legitimação da pesquisa, ou seja, certificar os métodos e resultados do trabalho desenvolvido.

Assim como os demais estágios da pesquisa, a produção de um texto científico requer planejamento, que significa o ato de preparar uma tarefa, ou seja, estabelecer quais são os passos que devem ser seguidos para que o trabalho escrito consiga levar a informação desejada pela pesquisa ao leitor. Ou seja, além de explicar um determinado fenômeno através de métodos, a pesquisa deve ser registrada de modo claro e divulgada publicamente onde as atividades desenvolvidas sejam compreendidas para que todo a pesquisa tenha validade.

Não existe um algoritmo que determine a estrutura ideal para publicação de um trabalho científico. Podem, há um esqueleto básico para estruturação do texto que pode facilitar a sua construção e o seu entendimento, independente do tipo de trabalho. Essa estrutura, deve conter

Os textos científicos devem ser estruturados de acordo com a necessidade de informação a ser passada pelo autor. No entanto, há um esqueleto básico que pode servir de escopo para qualquer tipo de escritura científica. Nesse esqueleto deve estar contido a introdução, o desenvol- vimento e a conclusão (MARCONI; LAKATOS, 2004). Além disso, podemos acrescentar como partes também importantes o título e o resumo, que devem vir presentes antes da introdução. O desenvolvimento pode ser subdividido em três outras etapas que são a fundamentação teórica, as contribuições científicas e a metodologia.

O primeiro local que o leitor observa de um trabalho é sua capa. Assim, ela deve ser escrita de modo que descreva de modo geral o tema abordado. Enquanto no abstract é fornecido uma amostra dos principais pontos tratados no texto científico. Esses dois campos estão dentro dos elementos pré-textuais e são considerados a região mais chamativa.

A introdução ao trabalho é construída para deixar clara a finalidade do trabalho, e deve conter a identificação do problema da pesquisa de modo preciso. A orientação geral é que contenha verbos no infinitivo e deixe claro seus objetivos, os gerais e os específicos. Ao ler a introdução o espectador deve se situar em que área dom meio científico se encaixa essa pesquisa. Alguns trabalhos devem apresentar, nessa etapa, um sumário do trabalho, descrevendo o que será abordado nos tópicos posteriores.

A etapa de desenvolvimento do trabalho é dividida em fundamentação teórica, contribuições científicas e metodologia. Na primeira parte, o autor deve abordar o conteúdo teórico utilizado como base para o desenvolvimento do trabalho, de modo técnico e linear, seguindo a sequência lógica dos temas necessários para compreensão da solução proposta. A contribuição científica do trabalho é onde o autor deve propor a explicação do que foi desenvolvido no trabalho, lembrando sempre de endereçar ao problema de pesquisa e abordar quais as falhas das soluções que foram tentadas antes desse trabalho. As palavras-chave para essa etapa são “o que” e “como” foi feita a pesquisa. A ultima parte do desenvolvimento é essencial a qualquer trabalho científico deve compor a metodologia e os resultados. Nela, o autor pode comparar os resultados com os tópicos já apresentados, o uso de gráficos e tabelas são essenciais para apresentação de dados, como eles foram preparados e o que é utilizado para produzir os resultados da pesquisa, além de informar a contribuição desses resultados.

Em acompanhamento aos resultados temos a etapa de conclusões, onde todas as desco- bertas do trabalho devem ser listadas. Nessa trecho pode iniciar com um resumo comentado do texto completo e discussões compostas pela opinião racionais do autor a respeito dos resultados obtidos. Os objetivos alcançados precisam ser mostrados nessa etapa e além de explicações a respeito de objetivos não atingidos. A conclusão, juntamente com o título e o resumo serão os trechos de maior audiência da produção científica pelo público que o procurar. Então, é perceptível o nível de importância que devem ser dedicados à esses trechos.

Por fim, um bom trabalho científico deve conter todas as referências utilizadas para sua construção, que devem estar ordenadas de acordo com a citação, em caso de websites informara data de acesso. Importante mencionar o uso de artigos de revistas, quanto maior a relevância dos trabalhos referenciados, mais rico tende a ser o trabalho escrito.

A escrita de um bom trabalho científico para finalizar uma pesquisa, não é apenas a cereja do bolo, ela corresponde a cobertura completa, que irá representar todo o processo da pesquisa e deve compilar todas as informações obtidas e mostrar claramente suas contribuições para toda a comunidade.

Referências:

CARGILL, M.; O’CONNOR, P. Writing scientific research articles: Strategy and steps. [S.l.]: John Wiley & Sons, 2013.

MARCONI, M. d. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. [S.l.]: Atlas São Paulo, 2004. v. 4.

Desenvolvimento da Ciência na América Latina

A américa latina é uma região do continente americano constituída, em sua grande maioria, por países que possuem idiomas originados a partir do latim. A maioria dos países possuem relações de colônias semelhantes, onde foram ocupados por portugueses, espanhóis ou franceses, durante um longo processo de exploração. Devido a sua grande ocupação territorial e colonização por países distintos, essa região é muito diversificada do ponto de vista geográfico e cultural, sendo ocupada pela maior floresta preservada do mundo, a floresta amazônica, tendo o Brasil como o país com maior extensão territorial da região.

Devido a grande diversidade cultural e climática da América Latina, há diversas regiões desse conjunto de países com histórias distintas, principalmente no que se refere ao tipo de colonização que receberam, sendo caracteristicamente de exploração nas regiões mais próximas à linha do equador. Isso explica a realidade atual, onde líderes de opinião e jornalistas em 2019 estabeleceram a corrupção, o desemprego, a instabilidade política, a criminalidade e a desigualdade social, nessa ordem, os principais problemas da região (IPSOS, 2019).

Nessa situação, em uma região com cultura, idioma, clima, fauna e flora tão diversos, é certo que seu potencial ainda não é explorado em sua plenitude do ponto de vista científico. Vessuri (1987) relata em seu estudo o crescimento de atividades científicas após a segunda guerra mundial apesar de ainda apresentarem fragilidade, depositando as chances de sucesso no preenchimento das lacunas entre academia, indústria e tomadas de decisões públicas. Esse cenário é observado até os dias atuais em que há distanciamento entre a academia e a indústria para o desenvolvimento de pesquisas em áreas importantes.

A maioria dos países latino-americanos possuem como referência os países desenvolvidos, como europeus ou norte-americanos, para compartilhamento e articulação científica, devido aos elevados investimentos na ciência. Porém, o intercâmbio local também pode gerar frutos fazendo com que ocorra o desenvolvimento da região através do uso da ciência e tecnologia para solução de problemas locais e expandindo o horizonte de alcance. O Relatório de Ciência da UNESCO: Rumo a 2030 (UNESCO, 2015) informa a redução dos níveis de desigualdade na década anterior e o registro de avanços em termos de acesso ao ensino superior, mobilidade e produção científica.

Além da produção científica, em nossa região, é necessário o alinhamento com políticas de divulgação da ciência para que a mesma tenha o alcance necessário a vários níveis da sociedade como na educação desde as crianças nas escolas, os desenvolvedores no ensino superior e a indústria consumidora das novas tecnologias. Ainda é pequeno o estímulo e a publicidade para criação de projetos inovadores em feiras de ciências escolares, apesar do grande crescimento recente de acesso às tecnologias no cotidiano das pessoas.

Por isso, a grande importância de realização de eventos científicos envolvendo grupos de pesquisa científica da América Latina para interação entre os pesquisadores, possibilitando o compartilhamento de experiências semelhantes de uso da ciência para o desenvolvimento da sociedade latino-americana, além de realizar a divulgação de trabalhos desenvolvidos na mesma região para a sociedade e permitindo integração entre a academia, o setor industrial e população local.

Referências:

IPSOS. Principales problemas de América Latina – Encuesta a líderes de opinión. 2019. Disponível em: <https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2019-10/ 6300119inf_v6_28oct19.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2020.

UNESCO. Relatório de ciência da UNESCO: Rumo a 2030-Visão Geral e Cenário Brasileiro. [S.l.]: UNESCO Paris, 2015.

VESSURI, H. M. The social study of science in latin america. Social Studies of Science, Sage Publications, v. 17, n. 3, p. 519–554, 1987.

Ciência e Tecnologia Desenvolvida por Pesquisas Através da Formação de Doutores no Brasil

A ciência e tecnologia tem grande poder de influência no estilo de vida de toda a sociedade moderna e também da sociedade antiga, porém com menor evolução nesta ultima. Através dos avanços da ciência são percebidas grandes mudanças nos meios de comunicação, forma de trabalho, alimentação e meios de transporte, por exemplo. No fim do século XX era difícil imaginar pessoas trabalhando remotamente por um longo período sem possuir um local fixo para ser a sede de sua empresa para onde todos os funcionários se deslocavam diariamente para exercer suas atividades laborais. No entanto, o que atualmente ocorre são milhares de pessoas trabalhando remotamente possibilitadas pelas evoluções promovidas pela ciência através dos meios de comunicação via satélite e desenvolvimento da internet.

A evolução científica de uma comunidade, além de permitir mudanças no estilo de vida, possibilita grandes benefícios na medicina, qualidade de vida, solução de problemas sociais, monitoramento de recursos naturais, ampliação do acesso à atividades de lazer e educação, etc. Porém, essa evolução não ocorre do dia para a noite, requer muitos investimentos econômicos e sociais para almejá-la. Durante esse processo é necessário o apoio ao pensamento crítico e imparcial a respeito das descobertas científicas utilizando a própria ciência para debater as novas descobertas dando um basta ao “achismo”. O anseio pela promoção do conhecimento pode fazer com que as etapas do desenvolvimento científico sejam aceleradas ou até deturpadas acarretando em execuções incorretas e gerando resultados imprecisos a respeito do problema proposto. Isso pode ocorrer, principalmente, em momentos de grande apreensão da sociedade por resultados expressivos a cerca de um determinado tema, como, por exemplo, o desenvolvimento de uma vacina para a cura de uma doença grave que assola a sociedade.

A etimologia da palavra “ciência” tem sua origem do latim do termo “scientia” que significa conhecimento. Então, pode-se afirmar que a ciência é a procura incessante pelo conhecimento e compreensão do funcionamento das coisas no universo, surgindo da necessidade que o homem, como ser racional, possui de explicar os fenômenos que ocorrem na natureza. Descartes (1973) traz em sua obra “O discurso do Método ” a apresentação de um método que foi por ele utilizado para conduzir a razão, podendo ser utilizado pelos leitores para conduzir sua própria razão em busca da verdade. A ideia proposta por Descartes (1973) é composta por quatro partes, resumidas em coleta crítica de informações, análise ou divisão para melhor compreensão e solução, ordenamento de ideias das mais simples até as mais complexas e por ultimo a separação detalhada das conclusões para que nada seja omitido.

Atualmente, para o desenvolvimento da ciência de acordo com a proposta por Descartes (1973) é necessário a formação de profissionais capacitados, que sejam bastante criteriosos em suas pesquisas. No Brasil, a formação de pessoas para a carreia científica segue uma longa jornada composta por um curso de graduação com duração de quatro a seis anos, um curso

de mestrado de dois anos e o doutorado com mais quatro anos de formação. Totalizando mais de 10 anos de estudos, pesquisas, batalhas e obstáculos que não acabam após esse período. O cientista possui uma profissão que requer constante aprendizado e evolução. Durante a formação desse profissional há diversos companheiros, como os colegas de pesquisa e o orientador, ou supervisor, que possui papel fundamental para guiar o cientista em formação para que consiga adquirir as qualidades de pesquisador independente.

O ápice da formação de um pesquisador está no seu doutoramento, onde é necessário o desenvolvimento de uma pesquisa inédita que irá creditar ao formando a capacidade de produção de conhecimento, ou seja, desenvolvimento da ciência. Deixando de ser um mero consumidor do conhecimento produzido por outros pesquisadores e passando a criar, criticar, interagir com o meio científico contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Essa evolução do pesquisador decorre do amadurecimento de sua curiosidade pela descoberta de novos fenômenos, que deve ser aprimorada através do desenvolvimento de métodos de aprendizado e pesquisa adequados a sua realidade, que ocorrem, na maioria das vezes, durante o doutorado.

Apesar dessa longa formação profissional, os cientistas Brasileiros ainda enfrentam muitas dificuldades que vão além das suas pesquisas durante e após a sua formação, como a falta de um plano de carreiras que reconheça a sua formação profissional como uma maneira de trabalho formal, onde possuam deveres a cumprir, mas também direitos como trabalhadores. Isso poderia estar respaldado pelas leis trabalhistas, promovendo os benefícios durante a formação complementar, como mestrado e doutorado. Além disso, por se tratarem de uma ínfima parcela da população, os que possuem nível superior e pós-graduação, ainda há grande preconceito velado a respeito de quem “só estuda”, onde o fato de estudar e desenvolver uma pesquisa científica, muitas vezes não é creditado e reconhecido como uma forma de trabalho.

Portanto, visando o desenvolvimento social, a melhoria na qualidade de vida e o bem estar de todos, a ciência deve ser promovida de maneira a aproximar suas descobertas à sociedade, observando cada vez mais a importância do papel de cada um nesse processo, do cidadão comum que irá usufruir dos resultados da ciência e do pesquisador além de usufruir desses resultados verá o seu trabalho ajudando a melhorar ou até salvar a vida das pessoas.

Referências:

DESCARTES, R. Discurso do método: Meditações: Objeções e respostas: As paixões da alma; Cartas. [S.l.]: Abril Cultural, 1973.