Os Três KPIs de uma boa pesquisa acadêmica experimental de sucesso” (em ordem inversa de importância).

Prof. Fernando Buarque PPG-EC da POLI/UPE, em 04/08/2021 (ano dois da horrível pandemia)

KPI-1 “O DOCUMENTO”:Não é fácil estabelecer os ingredientes de uma boa pesquisa e nem que ela foi bem sucedida. MAS, se constar no texto final o problema claramente definido e analisado, se a revisão das pesquisas conexas tiver sido realizada de forma (semi ou) sistemática, se houver sido identificado um ou mais bons competidores, se houver uma ideia *sua que resolva (parte d)o problema, e se os experimentos realizados demonstrarem que bons resultados sobre o problemaforam produzidos e bem analisados (i.e. que recobrem os objetivos identificados e que superam em parte a competição), isso são fortes fatores de convencimento para a Banca avaliadora. Pergunte-se: “Meu documento possui claramente todos esses pontos? Eles estão todos efetivamente realizados e descritos? Eu estou incluindo apenas o que é necessário (i.e. não estou enchendo linguiça)?”

KPI-2 “PUBLICAÇÕES”:Não é fácil estabelecer as evidências objetivas de que uma pesquisa teve sucesso. MAS, se houver publicação em local sériosobre conceito-problema escolhido/proposto, e também sobre os resultados obtidos, esses são fortes fatores de convencimento para a Banca avaliadora e para o seu Programa de Pós-Graduação de vínculo. Uma publicação sobre a revisão da literatura e outra longa sobre o trabalho completo são bônus cada vez mais esperados (para o doutorado, são mandatórios).Pergunte-se: “Minhas publicações recobrem claramente o que escolhi investigar? Elas estão todas efetivamente realizadas conforme os métodos e critérios aceitos para a área de pesquisa? Eu publicando porque tenho resultados (i.e. não estou enchendo linguiça)?”

KPI-3 “VOCÊ”:Não é fácil estabelecer o momento em que alguém se torna um pesquisador independente. MAS, se houver um documentofinal que atenda ao KPI-1, se houver publicações que atendam ao KPI-2, e se você não incorrer no erro-mor (ver a seguir), esses são fortes fatores de convencimento para a Banca avaliadora, para seu Programa de vínculo e para seu Orientador/Programa. Entretanto o argumento final será o momento em que você, com seus botões, possa efetivamente criticar a si mesmo (isso se chama: senso crítico), não depender da opinião de ninguém para selecionar e definir um tema de pesquisa (isso se chama: autonomia), saber propor uma forma de organizar um trabalho de pesquisa (isso se chama: saber-projetar), se houver evoluído uma forma de realizar o trabalho de pesquisa afinada com a sua comunidade de pesquisa (isso se chama: ter método), se tiver estabelecido padrõespara avaliar os seus próprios resultados (isso se chama: elevados critérios de aceitabilidade), e finalmente o mais importante, se vocêestiver feliz com o seu trabalho. Pergunte-se: “Minha pesquisa atende ao que se espera dela? Fui zeloso o suficiente (nem demais e nem de menos)? Eu sei que muito raramente uma tese/dissertação ganha um prêmio, que dirá o Nobel?” Eu me tornei um PESQUISADOR (i.e. não estou enchendo linguiça)?”

NÃO-KPI-BONUS “ERRO-MOR”: Nunca pergunte ao seu orientador se sua pesquisa terminou. Deixo para você pensar no porquê disso. Se não conseguir entender a pergunta,a resposta é você não terminou sua pesquisa! Dica: ‘stricto sensu’ visa a formação de pesquisador independente. -Aliás, poupe se orientador de todas as coisas evitáveis, use-o como consultor não com assessor!

[‘Danke’! ‘-Pass it forward to a Student-in-need’ :-)]

A Linguagem Científica

A linguagem científica está relacionado ao padrão de escrita que os autores de textos científicos se utilizam para poder transmitir informações científicas. Na leitura de um artigo ou trabalho científico percebe-se que há uma série de padrões de escritas que são seguidos para que a informação seja transmitida. Muitos autores se confundem na hora de escrever um texto científico, devido a esse texto possuir algumas características que os diferem de textos literários.  Devido a isso, esse texto irá chamar a atenção para algumas dessas características que precisam ser consideradas na escrita desse  texto. 

Um texto científico deve ser escrito de forma objetiva. Essa escrita implica que o texto precisa ser imparcial. Isso indica que a informação deve ser apresentada de forma a refletir a realidade sem a influência de qualquer crença do autor/leitor. Um erro bastante comum em textos científicos é a utilização de pronomes pessoais de 1ª pessoa (eu, nós) na construção do texto. É relativamente comum quando se está começando a escrever artigo, escrever frases como “Nossa proposta utiliza / Eu obtive os seguintes resultados”. Tais frases poderiam ser modificadas para “A proposta utiliza / Os resultados obtidos foram” sem ter nenhuma perda para a mensagem a ser transmitida e mantendo o rigor da escrita científica. O uso da subjetividade é uma característica de textos literários, esses textos permitem que o autor expresse a sua opinião acerca do assunto e influencie o leitor. 

Por ser objetivo, o texto científico apresenta uma uniformidade na sua escrita, isso permite que não haja mais de uma interpretação, permitindo que a mensagem seja passada de forma única para qualquer leitor. Nesse sentido, Joseph Gusfield o comparou com uma vitrine que apresenta o outro lado (o conteúdo) de forma clara e nítida. Devido à busca dessa nitidez, há uma grande aversão no meio científico na utilização de figuras de linguagens, como a metáfora. Apesar disso, Ciapuscio [2] fez um contraponto sobre o uso dessa figura de linguagem no viés científico, chegando a indicar o uso dela para facilitar a transmissão do conhecimento. Segundo ele, o uso da metáfora “O DNA é um código genético” permitiu que fossem abertos campos de pesquisa na área. Apesar desse exemplo, de forma geral, assim como disse o autor do texto citado, o uso de alguns tipos de metáforas acabam sendo mal visto no meio científico. 

Por fim, outro ponto que deve ser considerado quando estiver escrevendo um texto científico é a sua finalidade. O texto científico deve ter como propósito transmitir para o leitor os resultados obtidos pelo experimento ou esclarecer um fenômeno estudado. Em nenhum momento o texto deve perder esse viés e tentar entreter ou enlevar o leitor, esses sentimentos são intrínsecos de textos literários. 

Nesse texto foi feito uma comparação da linguagem científica e a linguagem literária a partir de algumas características encontradas nessas duas escritas. O texto científico apresenta um rigor que lhe obriga a ser escrito de forma clara e sem a subjetividade do escritor. Esse rigor se faz importante para que a ciência não seja contaminada por crenças ou dogmas do leitor, ou escritor. 

Referências

Duarte. V. M. N. Diferenças Entre Redação Científica e Redação Literária. Brasil Escola. Disponível em: < https://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/diferencas-entre-redacao-cientifica-redacao-literaria.htm> . Último acesso: 28 de julho de 2020. 

CIAPUSCIO, G. E. Metáforas e ciência. Ciência Hoy, v.13, n.76, p.60-66, ago/set 2003. Disponível em <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/fisica/0005.html >. Último acesso: 28 de julho de 2020. 

Incentivar a colaboração é um dos caminhos para melhorar a ciência brasileira e da América do Sul

O Brasil é o maior país da América do Sul. Ele divide esse subcontinente com outros onze países e alguns territórios, como a Guiana Francesa e Aruba, que dependem de outros países.

Apesar de no contexto global o Brasil ocupar posição, no mínimo, desconfortável, quando se considera seu tamanho, sua população e seus recursos, no panorama sul-americano ele é protagonista. Nesse contexto o Brasil se destaca por ser a nação com a maior quantidade de publicação e com uma grande quantidade de instituições de alto nível. 

Segundo o relatório “Research in Brazil: A report for CAPES by Clarivate Analytics” [1] que avaliou o período de 2011 a 2016 do cenário de pesquisa no país, o Brasil encontra-se na 13ª posição entre os países que mais produziram trabalhos científicos. Nenhum outro país sul-americano apareceu no ranking apresentado pelo relatório. O que demonstra que o país possui uma posição de destaque na produção de conhecimento na região. Por outro lado, o Brasil apresenta um baixo fator de impacto, quando comparado com a média mundial. O fator de impacto das produções brasileiras é de 0,78, enquanto a média mundial é de 1,00. Nesse quesito, o Brasil fica atrás da Argentina que apresenta um fator de impacto de 0,92. Esse país ainda apresenta uma presença maior de colaboração com a indústria (3,57) enquanto o Brasil apresenta  3,2.

Quando é falado em Universidades, o Times Higher Education (THE) [2] divulgou recentemente uma pesquisa que analisa as universidades sul-americanas de acordo com ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento para a indústria. Nesse ranking, o Brasil desponta como país com maior representação. Ao todo aparecem no ranking 61 instituições (de 166) de ensino brasileiras enquanto o Chile, segundo colocado em aparição, possui 30 instituições. O mesmo ranking apresenta a PUC-Chile como a instituição mais bem avaliada da região. Seguido por duas instituições brasileiras, a USP e a Unicamp. Entre as dez primeiras posições, sete são brasileiras sendo elas: UFMG (empatado na 5ª), UNIFESP (empatado na 5ª), PUC-Rio (7ª), UFSC (9ª) e UNESP (10ª). O Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey (4ª) e a Universidade do Chile (8ª) forma as 10 primeiras posições.  Sobre colaboração com os países vizinhos, na pesquisa da Clarivate Anlytics já há a indicação que há uma tendência crescente em colaborações entre os pesquisadores brasileiros e de instituições sul-americanas. Ainda há uma constatação muito interessante, trabalhos de pequisas que são feitos em colaboração com outros países possuem um maior fator de impacto. Nesse quesito o relatório “Research in Brazil: Funding excellence” apresenta mais detalhes referente ao período entre 2013 e 2018. Nele, é apresentado que em certas áreas, quando há a colaboração com países vizinhos, o impacto do trabalho chega a duplicar ou triplicar (Figura 1).


Figura 1. Fator de impacto de publicações com colaboração internacional nas áreas de Engenharia, e Ciências Exatas e da Terra.
Fonte: Research in Brazil: Funding excellence [3].

 

Apesar de o Brasil ser uma referência no continente, existem muitos outros casos de sucesso na região. Quando comparadas as Universidades, como indicados no THE, a PUC-Chile fica na frente de instituições brasileiras. Em relação ao fator de impacto geral das produções científicas, as publicações de pesquisadores argentinos possuem uma maior relevância e uma maior colaboração com setores industriais. Em contrapartida, o Brasil possui os maiores números de publicações e uma maior presença entre as melhores instituições de ensino superior da América do Sul. Essas informações por si só já demonstram como é importante incentivar a troca de experiências entre pesquisadores brasileiros e de países sul-americanos, pois além de incentivar o progresso da região, essa colaboração já evidencia que as pesquisas ficam mais relevantes e criam uma unidade no continente.

Referências

[1] Cross, Di; Thomson, Simon; Sinclair, Alexandra. Research in Brazil: A report for CAPES by Clarivate Analytics. Clarivate Analytics. 2018. Disponível em: <https://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/17012018-CAPES-InCitesReport-Final.pdf>. Acesso em 20 de julho de 2020. 

[2] Bermúdez, Ana Carla. Veja as 20 melhores universidades da América Latina, segundo ranking do THE. Educação UOL. Disponível em < https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/07/07/as-melhores-universidades-da-america-latina-segundo-o-the.htm>. Acesso em 20 de julho de 2020. [3] Web of Science Group. Research in Brazil: Funding excellence. Clarivate Analytics. 2019. Disponível em: <https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2019/09/ClarivateReport_2013-2018.pdf >. Acesso em: 20 de julho de 2020.

O Brasil precisa formar doutores

O doutorado é o ápice da carreira acadêmica de um indivíduo. Ao iniciá-lo, o estudante assume um compromisso de avançar para além da fronteira da ciência e desenvolver habilidades que são esperadas num pesquisador, razão pela qual esse processo dura em média quatro anos.

Apesar de o Brasil ter conseguido um incremento considerável de profissionais com essa formação nas últimas décadas, o panorama geral ainda mostra uma um grande abismo quando os números brasileiros são comparados com a realidade de outros países.

De acordo com pesquisa apresentada em 2015 pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) [1], a taxa de programas de doutorado vem crescendo no Brasil de forma significativa desde 1996. A mesma pesquisa apresenta que os programas multidisciplinares foram os que mais cresceram no período analisado (1.654,5%). Por outro lado, os doutorados voltados para a área das ciências exatas e da terra tiveram o menor crescimento (102,2%) dentre os analisados. Todo esse aumento de oferta também fez com que fossem formados mais doutores. No período analisado houve um crescimento de 486,2% na concessão desses títulos no país. Novamente as áreas multidisciplinar e de ciências exatas da terra continuaram nos extremos quando se tratou de quantidade de formandos. Sendo o aumento de formandos nessas duas áreas de 36.600% e 250,8%, respectivamente.

Apesar desse aumento considerável na formação de doutores, o Brasil ainda está muito distante das nações consideradas desenvolvidas. De acordo com as informações apresentadas no relatório técnico da Capes de 2017 [2], que se baseia em uma pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na ocasião o Brasil possuía aproximadamente 8 doutores (7,6) por 100 mil habitantes, enquanto que a média entre os países desta organização era de 28 doutores para cada 100 mil habitantes. Essa baixa proporção da população com doutorado fez com que o Brasil aparecesse nas últimas posições do ranking apresentado na pesquisa, ficando apenas na frente do México e Chile que apresenta, 4,2 e 3,4 doutores por 100 mil habitantes, respectivamente. O país logo a frente do Brasil no ranking é a Hungria com uma média de 11,6 doutores por 100 mil habitantes (42% a mais que o Brasil) e o mais bem colocado foi a Eslovênia com 56,6.

Evidentemente que o doutorado não está nos planos de muitos dos estudantes que ingressam na educação superior, assim como nem todo mundo precisa ter uma educação superior para desempenhar seu papel numa sociedade. Contudo, o fato é que mesmo aqueles que têm interesse no doutoramento acabam encontrando mais dificuldades do que facilidade nesse percurso. Pode-se citar os frequentes cortes de bolsas de pós-graduação (e na ciência)[3], a falta de apoio financeiro para participação em eventos ou para desenvolvimento de atividades de pesquisa. Aliado a esses problemas, que muitos tem haver com questões políticas, encontra-se um fato que é uma característica brasileira, os setores empresariais ainda absorvem poucos doutores. Essa realidade faz com que o doutorado acabe formando um excelente profissional que retorna para a Academia, diferente de outros países onde eles vão ocupar posições nos mais diversos setores [4]. Esse cenário pode ser percebido na pesquisa feita pela CGEE no qual apresenta que a maior parte dos doutores formados no período analisado foram ocupar cargos na área de Educação. 

Diante do que foi exposto, evidencia-se a necessidade de um plano nacional para formação de doutores nas mais diversas áreas de estudos. Algo desse tipo é custoso, mas necessário para o progresso do país. Através dele espera-se que seja criado um ambiente necessário para que o Brasil possa avançar na proporção de doutores para se aproximar dos valores encontrados em países desenvolvidos. Além do apoio financeiro para a formação, se faz necessário criar mais facilidades para que as empresas tenham interesse em empregar tais profissionais, como por exemplo o programa Pesquisador na Empresa do Recursos Humanos em Áreas Estratégicas (RHAE) [5] que foi criado em 1987 para inserir mestres e doutores em empresas privadas de micro, pequeno e médio porte, mas que foi encerrado devido a restrições orçamentárias no fundo, que garantia o pagamento das bolsas.  

Referências

[1] Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Mestres e doutores 2015 – Estudos da demografia da base técnico científica brasileira. Brasília, DF. 2016. Disponível em: <https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/MeD2015.pdf/d4686474-7a32-4bc9-91ae-eb5421e0a981>. Acesso em: 13 de julho de 2020. 

[2] CAPES. Relatório Técnico da DAV – Egressos da Pós-graduação: Áreas Estratégicas. Brasília, DF. 2017. Disponível em: <https://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/19122018_Cartilha-DAV-Egressos.pdf>. Acesso em: 13 de julho de 2020. 

[3] Jucá, Beatriz. Cortes de verbas desmontam ciência brasileira e restringem pesquisa a mais ricos. Portal El País (Brasil).  Disponível em: < https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/03/politica/1567542296_718545.html>. Acesso em: 13 de julho de 2020. 

[4]  Langin, Katie. In a first, U.S. private sector employs nearly as many Ph.D.s as schools do. Portal da Science Magazine. Disponível em <https://www.sciencemag.org/careers/2019/03/first-us-private-sector-employs-nearly-many-phds-schools-do>. Acesso em: 14 de julho de 2020. 
[5] RHAE. Portal do CNPq. Disponível em: <http://cnpq.br/apresentacao-rhae>. Acesso em: 13 de julho de 2020.

PREPARANDO DOCUMENTOS CIENTÍFICOS

Como deve ser feito um documento científico [1]? Esta produção tem a finalidade de discutir e descrever alguns dos elementos que podem ser considerados como essenciais em qualquer documento científico, seja um artigo, uma tese, ou até mesmo uma produção de uma página.

Os componentes indispensáveis são a introdução, o referencial teórico, as contribuições, os resultados e a conclusão. Dependendo do espaço disponível, também podem fazer parte da produção um resumo na língua natal do escritor e em inglês, elementos pré-textuais como lista de abreviações, figuras, tabelas e dedicatória, e elementos pós-textuais, como as referências, anexos e apêndices.

Na introdução, que deve ser compreendida por um leitor não especialista da área, é passada a contextualização do documento. É onde o autor captura o interesse do leitor, trazendo a atenção deste ao tema a ser discutido no documento que segue. É onde aparece a finalidade do texto, a descrição do problema, seu objetivo principal e objetivos intermediários, sua hipótese, e sua justificativa. Pode conter também, caso o espaço comporte, um sumário, o escopo negativo do trabalho, e o seu Road map.

No referencial teórico deve ser inserido todo o conhecimento prévio necessário ao entendimento do problema. É nele que deve aparecer a revisão sistemática da literatura, caso o documento comporte uma. Aqui o autor ajusta o foco do trabalho, ao descrever procedimentos relacionados com sua contribuição, e por também citar trabalhos produzidos por terceiros, deve ser o componente com o maior número de referências de todo o texto. O referencial deve ser bem estruturado, evitando-se que possua a aparência de uma “colcha de retalhos”.

Na contribuição deve aparecer qual o avanço alcançado pelo autor no tratamento do problema descrito anteriormente. Isto deve ser feito de forma direta, com o uso de linguagem técnica, e com poucas referências, já que se trata do cerne do documento científico. Em suma, aqui publica-se o domínio de aplicação e o domínio teórico da contribuição apresentada.

Nos resultados, testa-se a contribuição feita no componente anterior, a fim de demonstrar-se que esta contribuição não só é reproduzível (funciona), como também é válida (funciona ao que se foi proposto). Como esta é a parte do documento em que a contribuição do autor é posta em prática, não deve aparecer nenhuma referência nos resultados.

Na conclusão do trabalho, a opinião do autor aparece novamente, assim como apareceu na introdução (e esteve fora nos outros componentes, apenas compostos de fatos científicos comprovados). Usualmente é apresentada em três partes: o resumo comentado do trabalho, com suas contribuições; uma discussão dos resultados, e suas limitações; e alguns dos trabalhos futuros relevantes, que se pretenda executar.

Para que se alcance o sucesso na criação do documento científico, é fundamental que esta mesma estrutura seguida em sua execução, também esteja presente em seu planejamento.

Referências

1:            Flórida, EUA, em 06/08/2019 – “Conversa sobre preparação de textos científicos”, Fernando Buarque, POLI, Universidade de Pernambuco, acessado em 21/07/2020, disponíveis em https://classroom.google.com/u/1/c/MTE1MjgzMjQ5MDk3/a/MTE4MTk0MjI5NTQw/details

CIÊNCIA ENQUANTO LATINO-AMERICANO

Uma das primeiras disciplinas cumpridas no mestrado originou um artigo, que conseguimos publicar em conferência internacional classificada entre os estratos superiores. A forma como conseguimos financiar os custos da viagem foi uma prova da criatividade latina: os autores do artigo dividiram as despesas da viagem, o professor que foi apresentar presencialmente o trabalho teve um desconto na inscrição por ser membro da IEEE, e a POLI nos apoiou também, reembolsando a maior parte desta inscrição. Tentamos outros apoios, mas por restrições orçamentárias dos órgãos, foram negados.

A conferência aconteceu em maio de 2019, e começamos a procurar ajuda para os recursos desde o momento em que soubemos da aprovação do artigo, em janeiro de 2019. Enfrentamos dificuldades, mas com o apoio dos envolvidos, e das instituições, conseguimos superá-las; não se sabe se conseguiríamos caso fosse em 2020, dadas as modificações que a pós-graduação do Brasil vem sofrendo nos últimos meses.

Em países como o Brasil, onde a educação não é tratada como prioridade pelo primeiro escalão do governo, é fundamental que se utilize a inventividade latina, a fim de se conseguir financiamento para pesquisas em setores da indústria que podem ser beneficiados pelos avanços tecnológicos provenientes destas pesquisas. E não se faz necessário ir para muito longe atrás destes incentivos à pesquisa vindos da indústria: Pernambuco possui exemplares de indústrias em cada uma das quatro revoluções industriais, e o avanço que uma delas poderia considerar trivial, pode ser vital para outra. Contudo, nem toda a indústria é receptiva a inovações como as trazidas por campos como a Computação Inteligente, dada a componente de experimentação inerente à área. Sendo assim, uma atitude positiva das organizações é necessária, caso contrário, todo o potencial será desperdiçado.

É importante que o pesquisador trabalhe com tópicos de seu interesse, para não transformar o trabalho em algo desgastante. Todavia, é preciso mais uma vez invocar a originalidade latina [1], a fim de que o pesquisador encontre um tema que consiga unir seus interesses com os do povo, e com os dos financiadores da pesquisa. Este modelo não convencional é necessário para diminuir o verdadeiro abismo que existe entre a academia e a indústria no Brasil, e atualmente, também entre a academia e alguns setores da sociedade e do governo, por mais inacreditável que esta realidade possa parecer.

As novas técnicas podem desempenhar papel de destaque na mudança de percepção da comunidade em relação à Ciência e Tecnologia. Elas vêm popularizando áreas como a Inteligência Artificial, até bem pouco tempo vistas como inacessíveis e exclusivas de nichos acadêmicos. Podem até mesmo trazer novos candidatos a cientistas ao meio acadêmico, vindos dos locais mais inusitados. Para que esta abertura no recebimento de novos membros no clube da ciência funcione, nós, já iniciados, devemos ter um olhar livre de preconceitos, como é esperado em um lugar multicultural como a América Latina, com suas diferentes realidades amalgamadas em um mesmo local.

Referências

1:            Cartagena, Colômbia, em 04/11/2016 – Key-Talk at 2016 IEEE LA-CCI “Possible roles of AI/CI in Latin America”, Fernando Buarque, University of Pernambuco et alli, acessado em 14/07/2020, disponível em https://youtu.be/P_SoCXR9pwI

Aos meus avós

Em uma pós graduação stricto sensu, os textos científicos produzidos costumam seguir um template predeterminado, sejam as recomendações mais recentes descritas pela ABNT, o formato padrão de um artigo a ser publicado em um journal ou conferência, o modelo da dissertação ou tese de cada instituição de ensino… Como estamos em meio a uma pandemia de proporções sem paralelo em nossa geração, tomarei a liberdade de contar a minha história: como cheguei ao doutorado.

É atribuída ao romancista, pensador e estadista francês Victor Hugo a frase “se você quer educar um homem, comece pela avó dele”. Seguindo este exemplo, começarei com um pouco da história de meus avós. Luiz (in memoriam), meu avô paterno, veio do interior tentar a sorte em Recife, e aqui conheceu Minervina (in memoriam), minha avó materna, e casaram-se. Ambos com origem humilde, de educação formal possuíam pouco mais que a alfabetização. Tiveram três filhas e cinco filhos. Destes, duas filhas e três filhos escaparam da infância. Meus avós paternos sabiam do valor da formação mesmo sem tê-la, e todos os seus filhos foram bem mais longe no ensino que os pais. Mesmo assim, por causa dos percalços da vida, apenas dois dos cinco chegaram a prestar vestibular, e a concluir a graduação. Nenhum dos dois jamais chegou a exercer a profissão em que se graduaram. Meu pai, Ricardo (in memoriam), foi um dos três que não prestou vestibular, começou a trabalhar cedo, casou-se com Ubiracy, minha mãe, filha única de seus pais, e seguiram afastados da academia. Assim como meus avós paternos, meus avós maternos Creuza (in memoriam) e Faustino (in memoriam) também possuíam pouco mais que a alfabetização.

Sendo assim, minha origem, neste ponto, é muito parecida com a de meus pais e tios: meus pais também sabiam da importância de uma formação acadêmica consistente mesmo sem possuir uma, e incentivaram meu desenvolvimento escolar no limite de suas capacidades financeiras. Com a boa base proporcionada por eles, aos quinze anos consegui ser aprovado para fazer meu segundo grau, simultâneo à formação técnica em Eletrônica, na Escola Técnica Federal de Pernambuco, uma escola de qualidade, e gratuita. Lá fui apresentado ao mercado de trabalho, e por causa de minha formação, aos dezoito consegui meu primeiro estágio. Por causa deste estágio (e da formação), aos vinte consegui meu primeiro emprego. As responsabilidades profissionais foram se avolumando, de forma que não consegui conciliá-las com as acadêmicas. Nesta fase de minha vida, tive que colocar o lado profissional em primeiro plano, mas nunca deixei de achar que a ascensão, inclusive profissional, só viria atrelada à continuidade na trilha acadêmica. Só aos trinta consegui concluir o curso de graduação em Licenciatura em Computação na Universidade Federal Rural de Pernambuco, um curso em minha área, no período noturno, compatível com meu horário no trabalho, em uma universidade de qualidade, e gratuita. Nesta mesma época, recebi uma promoção em meu trabalho, que não seria possível, caso não tivesse visto certos conteúdos na graduação, e que não poderia ser ocupada por alguém que não possuísse uma graduação. Minha mãe até hoje mantém na sala da casa dela a minha placa de formatura individual.

Quis continuar o desenvolvimento acadêmico, e fiz uma pós graduação latu sensu em Banco de Dados. O passo seguinte naturalmente seria um mestrado, mas pouco depois fui transferido para Caruaru, o que pausou momentaneamente meus planos acadêmicos, já que entre 2013 e 2016 ainda não existia o Mestrado multicampi do PPGEC. Retornando ao Recife, no segundo semestre de 2018 consegui entrar no mestrado em engenharia da computação na POLI, em um tema que associou computação inteligente, segurança, e o combate aos malware, temas que me são interessantes tanto acadêmica, quanto profissional, e pessoalmente. E na Universidade de Pernambuco, uma universidade de qualidade, que valoriza a integração com a indústria e o mercado de trabalho, e gratuita. Defendi minha dissertação no dia 17 de fevereiro de 2020, aos quarenta anos, e pude ter a felicidade e o orgulho de NÃO ser o primeiro descendente de meus avós a ter o título de mestre: Carol, minha prima, defendeu aos vinte e seis anos sua dissertação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, uma universidade de qualidade, e também gratuita. Ela é filha do meu tio Luiz (mesmo nome do pai dele, meu avô), um dos dois filhos dos meus avós paternos que conseguiram concluir a graduação. Dos descendentes de meus avós, ela foi a primeira a alcançar esta titulação, mas eu não serei o último: pelo menos mais quatro netos dos meus avós estão em algum estágio da graduação, em idade bem mais apropriada para tal que a minha. Farei tudo ao meu alcance para que as próximas gerações também sigam o caminho da educação. Eu devo isso aos meus pais e avós.

Finalmente eu entrei no doutorado, também na POLI, em um tema que é uma extensão natural do trabalho desenvolvido no mestrado. Apesar do contexto mundial causado pela pandemia, e das respostas insuficientes e conflitantes das autoridades serem uma fonte virtualmente inesgotável de stress, eu espero conseguir terminar esta etapa de minha formação com saúde, utilizando as pertinentes orientações presentes na apresentação (1) feita aos alunos brasileiros da Universidade de Münster, Alemanha, no início da jornada do doutorado, assim como eu, dentre as quais destaco: o logbook, não confiar na memória, Max Payne (ou talvez um jogo mais novo, no mesmo estilo), o bom relacionamento com os pares, com o supervisor, e consigo mesmo, por meio do uso das wonder tools. Se Brian May, apesar de todos os seus… “complicadores”, conseguiu concluir o doutorado antes dos 60, então ele vai ser a minha inspiração: conciliarei as minhas questões profissionais, familiares, pessoais e acadêmicas, e conseguirei também.

Referências

1:           Münster, Alemanha, em 30/10/2015 – General Talk to Brazilian Research Students at ERCIS “How to do a PhD stress free!”, Fernando Buarque (University of Pernambuco / WWU Münster), acessado em 07/07/2020, disponível em https://youtu.be/Oqytn2JZzhc

A AMÉRICA LATINA EM BUSCA DO RECONHECIMENTO CIENTÍFICO

Mozart de Melo Alves júnior
mmaj@ecomp.poli.br

A América Latina do ponto de vista do reconhecimento científico não se encontra em situação de destaque. Dados da Science and Engineering Indicators da National Science Foundation (2020), mostram que dos 20 países que mais publicam artigos científicos proporcionalmente ao número de autores, na América Latina (AL) apenas o Brasil figura em 11º posição, o que representa cerca de 60.147artigos de um total de 108.130 de toda AL o que reflete mais de 55% das publicações. Apesar de ser extremamente positivo para ao Brasil, esses dados são preocupantes com relação a América Latina.

Ao analisar a base (NSF, 2020) verifica-se, que não existe outros países latinos na lista de produções científicas, sendo os mais próximos o México na 24ª e a Argentina 42ª posição o que demonstra que um longo caminho deverá ser trilhado em busca do reconhecimento científico.

Figura 1 – 20 países que mais publicam proporcionalmente com relação aos número de autores

Fonte: (NSF, 2020)

De acordo com Centoducatte, reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (MARLUCE MOURA, 2019), se compararmos a produção científica da américa latina, temos apenas 4,75% em relação ao mundo e este número só não é pior porque somente o Brasil é responsável por 2,52% das publicações.

Baseado nos dados estatísticos levantados anteriormente, questionamentos surgem, como é possível a América Latina ficar tão distante em termo de pesquisa dos grandes centros mundiais. Se faz necessário verificar outros indicativos para entender melhor o problema.

O primeiro indicativo trata dos recursos financeiro investido em pesquisa por estes países. Segundo o instituto de estatística da UNESCO(2018), se a américa latina fosse um país o seu investimento em P&D seria na ordem de 65 bilhões de dólares, o que se comparado com os outros países, ela ocuparia a 6º posição, atrás apenas dos EUA, China, Japão, Alemanha e Coreia do Sul. No infográfico apresentado pela howmuch (UNESCO INSTITUTE FOR STATISTICS, 2018) a seguir, percebe-se que o Brasil investe cerca de 42,1 Bilhões de dólares enquanto os demais países da América Latina investem muito abaixo disso. O questionamento que fica é como a pesquisa evolui sem investimento.

fonte:

https://howmuch.net/articles/research-development-spending-by-country

Outro indicativo, é a quantidade de publicações acadêmicas realizadas segundo com a The Centre for Science and Technology Studies (2020), temos a Universidade de São Paulo em 7º lugar mundial em quantidade de publicações, com 17,2 mil artigos indexados no Web of Science. Isso é uma posição honrosa, mas não suficiente para alavancar a média da América Latina, ao analisar os dados completos, depois da USP, só teremos na 104ª posição a universidade mexicana National Autonomous University of Mexico.

Fonte: Leiden Ranking.

Um outro indicativo trata da relevância em nossas publicações, comparando com o ranking de impacto (quantas vezes as publicações foram referenciadas), por quantidade de publicações acadêmicas, segundo a (CWTS, 2020), houve uma queda drástica do Brasil para o 90º lugar, isso significa que parte do que publicamos não é referência mundial, com relevância de apenas 5,9% dos artigos publicado.

Fonte: Leiden Ranking.

Novos questionamentos vêm à tona, o que está acontecendo de errado? Temos produções de artigos, temos investimento e por qual motivo não temos reconhecimento da relevância em nossas publicações? Como uma região tão prospera que possui suas diversidades culturais incomparáveis, pesquisadores reconhecidos no mundo inteiro, não consegue evoluir na aprovação e reconhecimento de suas pesquisas. Sabe-se que vários fatores influenciam na evolução da produção científica como: linha de financiamento, participação da iniciativa privada, políticas publicas, prioridade à educação, dentre outros, mas precisamos encontrar novos caminhos.

Infelizmente a américa latina é dividida, onde as diferenças sócio-cultural e política influenciam decididamente em nossas produções cientificas. Somente com a união e com o fortalecimento dos laços entre os países, principalmente no que tange a educação, tem como avançar e evoluir em busca de um caminho mais promissor. A educação precisa ser a prioridade, o trabalho é árduo, mas se faz necessário começar.

Referência

NSF – NATIONAL SCIENCE FOUNDATION (US). Science & engineering indicators. National Science Foundation, 2020. Disponível em: https://ncses.nsf.gov/pubs/nsb20206/publication-output-by-region-country-or-economy. Acesso em: 20 jul. 2020

MARILUCE MOURA (Brasil). Ciência na Rua. SBPC e Andifes propõem que se ofereçam informações corretas ao presidente. 2019. Disponível em: https://ciencianarua.net/sbpc-e-andifes-propoem-que-se-oferecam-informacoes-corretas-ao-presidente/. Acesso em: 19 jul. 2020

UNESCO INSTITUTE FOR STATISTICS. How Much Your Country Spends on Research & Development. UNESCO Inst for Statistics, 2018, Disponível em: http://uis.unesco.org/apps/ visualisations/research-and-development-spending/ Acesso em: 19 jul. 2020

CWTS – CENTER FOR SCIENCE AND TECHNOLOGY STUDIES (US). CWTS Leiden Ranking 2020, 2020. Disponível em: https://www.leidenranking.com/ranking/2020/list

Acesso em: 20 jul. 2020

Criação E Publicação de Texto Científico

A pesquisa científica, segundo Marconi e Lakatos (2004), é um procedimento formal com método de pensamento reflexivo, requerendo tratamento científico constituindo um caminho para conhecer a realidade ou verdades parciais. Logo, consiste na aplicação prática de um conjunto de métodos de investigação para estudar um ou vários fenômenos, levando a confirmação ou refutação das hipóteses propostas a respeito de um determinado tema. Ela se caracteriza por uma série de estágios que devem ser elaborados para alcançar os objetivos propostos de acordo com o problema que se deseja abordar.

O processo de pesquisa científica pode ser dividido em etapas, que são concluídas com a produção de um texto científico que deve ser publicado ao fim da pesquisa em canal de comuni- cação de relevância do tema estudado. Os principais meios para publicação de resultados dessas pesquisas são conferências, jornais ou revistas. No entanto, o leitor deve estar se perguntando: Qual o motivo de publicar uma pesquisa? Para Cargill e O’Connor (2013) as principais razões para a publicação são o registro da pesquisa, o reconhecimento das idéias e resultados, a atração de interesses por outros pesquisadores da área, a coleta de feedbacks de outros cientistas e a legitimação da pesquisa, ou seja, certificar os métodos e resultados do trabalho desenvolvido.

Assim como os demais estágios da pesquisa, a produção de um texto científico requer planejamento, que significa o ato de preparar uma tarefa, ou seja, estabelecer quais são os passos que devem ser seguidos para que o trabalho escrito consiga levar a informação desejada pela pesquisa ao leitor. Ou seja, além de explicar um determinado fenômeno através de métodos, a pesquisa deve ser registrada de modo claro e divulgada publicamente onde as atividades desenvolvidas sejam compreendidas para que todo a pesquisa tenha validade.

Não existe um algoritmo que determine a estrutura ideal para publicação de um trabalho científico. Podem, há um esqueleto básico para estruturação do texto que pode facilitar a sua construção e o seu entendimento, independente do tipo de trabalho. Essa estrutura, deve conter

Os textos científicos devem ser estruturados de acordo com a necessidade de informação a ser passada pelo autor. No entanto, há um esqueleto básico que pode servir de escopo para qualquer tipo de escritura científica. Nesse esqueleto deve estar contido a introdução, o desenvol- vimento e a conclusão (MARCONI; LAKATOS, 2004). Além disso, podemos acrescentar como partes também importantes o título e o resumo, que devem vir presentes antes da introdução. O desenvolvimento pode ser subdividido em três outras etapas que são a fundamentação teórica, as contribuições científicas e a metodologia.

O primeiro local que o leitor observa de um trabalho é sua capa. Assim, ela deve ser escrita de modo que descreva de modo geral o tema abordado. Enquanto no abstract é fornecido uma amostra dos principais pontos tratados no texto científico. Esses dois campos estão dentro dos elementos pré-textuais e são considerados a região mais chamativa.

A introdução ao trabalho é construída para deixar clara a finalidade do trabalho, e deve conter a identificação do problema da pesquisa de modo preciso. A orientação geral é que contenha verbos no infinitivo e deixe claro seus objetivos, os gerais e os específicos. Ao ler a introdução o espectador deve se situar em que área dom meio científico se encaixa essa pesquisa. Alguns trabalhos devem apresentar, nessa etapa, um sumário do trabalho, descrevendo o que será abordado nos tópicos posteriores.

A etapa de desenvolvimento do trabalho é dividida em fundamentação teórica, contribuições científicas e metodologia. Na primeira parte, o autor deve abordar o conteúdo teórico utilizado como base para o desenvolvimento do trabalho, de modo técnico e linear, seguindo a sequência lógica dos temas necessários para compreensão da solução proposta. A contribuição científica do trabalho é onde o autor deve propor a explicação do que foi desenvolvido no trabalho, lembrando sempre de endereçar ao problema de pesquisa e abordar quais as falhas das soluções que foram tentadas antes desse trabalho. As palavras-chave para essa etapa são “o que” e “como” foi feita a pesquisa. A ultima parte do desenvolvimento é essencial a qualquer trabalho científico deve compor a metodologia e os resultados. Nela, o autor pode comparar os resultados com os tópicos já apresentados, o uso de gráficos e tabelas são essenciais para apresentação de dados, como eles foram preparados e o que é utilizado para produzir os resultados da pesquisa, além de informar a contribuição desses resultados.

Em acompanhamento aos resultados temos a etapa de conclusões, onde todas as desco- bertas do trabalho devem ser listadas. Nessa trecho pode iniciar com um resumo comentado do texto completo e discussões compostas pela opinião racionais do autor a respeito dos resultados obtidos. Os objetivos alcançados precisam ser mostrados nessa etapa e além de explicações a respeito de objetivos não atingidos. A conclusão, juntamente com o título e o resumo serão os trechos de maior audiência da produção científica pelo público que o procurar. Então, é perceptível o nível de importância que devem ser dedicados à esses trechos.

Por fim, um bom trabalho científico deve conter todas as referências utilizadas para sua construção, que devem estar ordenadas de acordo com a citação, em caso de websites informara data de acesso. Importante mencionar o uso de artigos de revistas, quanto maior a relevância dos trabalhos referenciados, mais rico tende a ser o trabalho escrito.

A escrita de um bom trabalho científico para finalizar uma pesquisa, não é apenas a cereja do bolo, ela corresponde a cobertura completa, que irá representar todo o processo da pesquisa e deve compilar todas as informações obtidas e mostrar claramente suas contribuições para toda a comunidade.

Referências:

CARGILL, M.; O’CONNOR, P. Writing scientific research articles: Strategy and steps. [S.l.]: John Wiley & Sons, 2013.

MARCONI, M. d. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. [S.l.]: Atlas São Paulo, 2004. v. 4.