Desenvolvimento da Ciência na América Latina

A américa latina é uma região do continente americano constituída, em sua grande maioria, por países que possuem idiomas originados a partir do latim. A maioria dos países possuem relações de colônias semelhantes, onde foram ocupados por portugueses, espanhóis ou franceses, durante um longo processo de exploração. Devido a sua grande ocupação territorial e colonização por países distintos, essa região é muito diversificada do ponto de vista geográfico e cultural, sendo ocupada pela maior floresta preservada do mundo, a floresta amazônica, tendo o Brasil como o país com maior extensão territorial da região.

Devido a grande diversidade cultural e climática da América Latina, há diversas regiões desse conjunto de países com histórias distintas, principalmente no que se refere ao tipo de colonização que receberam, sendo caracteristicamente de exploração nas regiões mais próximas à linha do equador. Isso explica a realidade atual, onde líderes de opinião e jornalistas em 2019 estabeleceram a corrupção, o desemprego, a instabilidade política, a criminalidade e a desigualdade social, nessa ordem, os principais problemas da região (IPSOS, 2019).

Nessa situação, em uma região com cultura, idioma, clima, fauna e flora tão diversos, é certo que seu potencial ainda não é explorado em sua plenitude do ponto de vista científico. Vessuri (1987) relata em seu estudo o crescimento de atividades científicas após a segunda guerra mundial apesar de ainda apresentarem fragilidade, depositando as chances de sucesso no preenchimento das lacunas entre academia, indústria e tomadas de decisões públicas. Esse cenário é observado até os dias atuais em que há distanciamento entre a academia e a indústria para o desenvolvimento de pesquisas em áreas importantes.

A maioria dos países latino-americanos possuem como referência os países desenvolvidos, como europeus ou norte-americanos, para compartilhamento e articulação científica, devido aos elevados investimentos na ciência. Porém, o intercâmbio local também pode gerar frutos fazendo com que ocorra o desenvolvimento da região através do uso da ciência e tecnologia para solução de problemas locais e expandindo o horizonte de alcance. O Relatório de Ciência da UNESCO: Rumo a 2030 (UNESCO, 2015) informa a redução dos níveis de desigualdade na década anterior e o registro de avanços em termos de acesso ao ensino superior, mobilidade e produção científica.

Além da produção científica, em nossa região, é necessário o alinhamento com políticas de divulgação da ciência para que a mesma tenha o alcance necessário a vários níveis da sociedade como na educação desde as crianças nas escolas, os desenvolvedores no ensino superior e a indústria consumidora das novas tecnologias. Ainda é pequeno o estímulo e a publicidade para criação de projetos inovadores em feiras de ciências escolares, apesar do grande crescimento recente de acesso às tecnologias no cotidiano das pessoas.

Por isso, a grande importância de realização de eventos científicos envolvendo grupos de pesquisa científica da América Latina para interação entre os pesquisadores, possibilitando o compartilhamento de experiências semelhantes de uso da ciência para o desenvolvimento da sociedade latino-americana, além de realizar a divulgação de trabalhos desenvolvidos na mesma região para a sociedade e permitindo integração entre a academia, o setor industrial e população local.

Referências:

IPSOS. Principales problemas de América Latina – Encuesta a líderes de opinión. 2019. Disponível em: <https://www.ipsos.com/sites/default/files/ct/news/documents/2019-10/ 6300119inf_v6_28oct19.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2020.

UNESCO. Relatório de ciência da UNESCO: Rumo a 2030-Visão Geral e Cenário Brasileiro. [S.l.]: UNESCO Paris, 2015.

VESSURI, H. M. The social study of science in latin america. Social Studies of Science, Sage Publications, v. 17, n. 3, p. 519–554, 1987.

Ciência e Tecnologia Desenvolvida por Pesquisas Através da Formação de Doutores no Brasil

A ciência e tecnologia tem grande poder de influência no estilo de vida de toda a sociedade moderna e também da sociedade antiga, porém com menor evolução nesta ultima. Através dos avanços da ciência são percebidas grandes mudanças nos meios de comunicação, forma de trabalho, alimentação e meios de transporte, por exemplo. No fim do século XX era difícil imaginar pessoas trabalhando remotamente por um longo período sem possuir um local fixo para ser a sede de sua empresa para onde todos os funcionários se deslocavam diariamente para exercer suas atividades laborais. No entanto, o que atualmente ocorre são milhares de pessoas trabalhando remotamente possibilitadas pelas evoluções promovidas pela ciência através dos meios de comunicação via satélite e desenvolvimento da internet.

A evolução científica de uma comunidade, além de permitir mudanças no estilo de vida, possibilita grandes benefícios na medicina, qualidade de vida, solução de problemas sociais, monitoramento de recursos naturais, ampliação do acesso à atividades de lazer e educação, etc. Porém, essa evolução não ocorre do dia para a noite, requer muitos investimentos econômicos e sociais para almejá-la. Durante esse processo é necessário o apoio ao pensamento crítico e imparcial a respeito das descobertas científicas utilizando a própria ciência para debater as novas descobertas dando um basta ao “achismo”. O anseio pela promoção do conhecimento pode fazer com que as etapas do desenvolvimento científico sejam aceleradas ou até deturpadas acarretando em execuções incorretas e gerando resultados imprecisos a respeito do problema proposto. Isso pode ocorrer, principalmente, em momentos de grande apreensão da sociedade por resultados expressivos a cerca de um determinado tema, como, por exemplo, o desenvolvimento de uma vacina para a cura de uma doença grave que assola a sociedade.

A etimologia da palavra “ciência” tem sua origem do latim do termo “scientia” que significa conhecimento. Então, pode-se afirmar que a ciência é a procura incessante pelo conhecimento e compreensão do funcionamento das coisas no universo, surgindo da necessidade que o homem, como ser racional, possui de explicar os fenômenos que ocorrem na natureza. Descartes (1973) traz em sua obra “O discurso do Método ” a apresentação de um método que foi por ele utilizado para conduzir a razão, podendo ser utilizado pelos leitores para conduzir sua própria razão em busca da verdade. A ideia proposta por Descartes (1973) é composta por quatro partes, resumidas em coleta crítica de informações, análise ou divisão para melhor compreensão e solução, ordenamento de ideias das mais simples até as mais complexas e por ultimo a separação detalhada das conclusões para que nada seja omitido.

Atualmente, para o desenvolvimento da ciência de acordo com a proposta por Descartes (1973) é necessário a formação de profissionais capacitados, que sejam bastante criteriosos em suas pesquisas. No Brasil, a formação de pessoas para a carreia científica segue uma longa jornada composta por um curso de graduação com duração de quatro a seis anos, um curso

de mestrado de dois anos e o doutorado com mais quatro anos de formação. Totalizando mais de 10 anos de estudos, pesquisas, batalhas e obstáculos que não acabam após esse período. O cientista possui uma profissão que requer constante aprendizado e evolução. Durante a formação desse profissional há diversos companheiros, como os colegas de pesquisa e o orientador, ou supervisor, que possui papel fundamental para guiar o cientista em formação para que consiga adquirir as qualidades de pesquisador independente.

O ápice da formação de um pesquisador está no seu doutoramento, onde é necessário o desenvolvimento de uma pesquisa inédita que irá creditar ao formando a capacidade de produção de conhecimento, ou seja, desenvolvimento da ciência. Deixando de ser um mero consumidor do conhecimento produzido por outros pesquisadores e passando a criar, criticar, interagir com o meio científico contribuindo para o desenvolvimento da sociedade. Essa evolução do pesquisador decorre do amadurecimento de sua curiosidade pela descoberta de novos fenômenos, que deve ser aprimorada através do desenvolvimento de métodos de aprendizado e pesquisa adequados a sua realidade, que ocorrem, na maioria das vezes, durante o doutorado.

Apesar dessa longa formação profissional, os cientistas Brasileiros ainda enfrentam muitas dificuldades que vão além das suas pesquisas durante e após a sua formação, como a falta de um plano de carreiras que reconheça a sua formação profissional como uma maneira de trabalho formal, onde possuam deveres a cumprir, mas também direitos como trabalhadores. Isso poderia estar respaldado pelas leis trabalhistas, promovendo os benefícios durante a formação complementar, como mestrado e doutorado. Além disso, por se tratarem de uma ínfima parcela da população, os que possuem nível superior e pós-graduação, ainda há grande preconceito velado a respeito de quem “só estuda”, onde o fato de estudar e desenvolver uma pesquisa científica, muitas vezes não é creditado e reconhecido como uma forma de trabalho.

Portanto, visando o desenvolvimento social, a melhoria na qualidade de vida e o bem estar de todos, a ciência deve ser promovida de maneira a aproximar suas descobertas à sociedade, observando cada vez mais a importância do papel de cada um nesse processo, do cidadão comum que irá usufruir dos resultados da ciência e do pesquisador além de usufruir desses resultados verá o seu trabalho ajudando a melhorar ou até salvar a vida das pessoas.

Referências:

DESCARTES, R. Discurso do método: Meditações: Objeções e respostas: As paixões da alma; Cartas. [S.l.]: Abril Cultural, 1973.

BREVES APONTAMENTOS SOBRE ESTRUTURAÇÃO E COMUNICAÇÃO DO DOCUMENTO CIENTÍFICO

Existem diversos tipos de documentos científicos, os mais comuns são projetos de pesquisa, relatórios de pesquisa, monografias, dissertações, teses, livros e artigos. Em primeira análise todos vão servir para comunicar a ciência, cada um com seu propósito dentro desse objetivo maior. Eles contemplam seções que explicitam intenções, contribuições, resultados e metodologias bem definidas são esperadas em qualquer propenso documento científico. Destaca-se, contudo, que apenas quando colocados para conhecimento da comunidade e da realização de teste de objetividade (1), análise e crítica de um determinado campo epistemológico é que a contribuição do autor, pode de fato, ser aceita como conhecimento científico.

De modo geral todos os documentos científicos seguem a mesma lógica. Uma das formas de se apresentar um artigo original mais consolidadas, segundo Pereira (2011), seria pela utilização da estrutura IMRD (Introdução, Método, Resultados e Discussão). Há autores que prescrevem a utilização de uma lógica mais geral, aplicável para qualquer documento, com pequenas adaptações. Essa forma contemplaria uma Introdução, um Referencial Teórico, uma Intenção ou uma Contribuição, uma Metodologia e uma Conclusão. Esta estrutura sintética é capaz de comportar o raciocínio necessário para produção de quase todos os textos científicos segundo o professor Fernando Buarque de Lima Neto (2019). Mesmo com essa aderência morfológica é importante observar que toda área de conhecimento tem uma epistemologia e uma metodologia próprias, e que essas estruturas não são amarras e sim sugestões de organização. Estas buscam favorecer a transmissão da mensagem com o menor ruído e com a máxima organização e eficiência possíveis. 

A uniformização dos textos científicos surge como resposta à lógica do pensamento científico (2). A escrita do trabalho científico deve ser feita de forma objetiva, clara, racional e compreensível. O autor não deve utilizar um linguajar confuso ou rebuscado. É importante preservar a simplicidade, os cientistas devem escrever de forma direta e livre de verbosidades, jargões e qualquer outra estratégia que promova a distração (3). A qualidade do que é escrito, não só no conteúdo técnico, no aspecto ortográfico, verbal e gramatical do idioma escolhido pode atrair ou afastar leitores e/ou determinar o aceite ou rejeição do documento por um veículo de difusão.

Para evitar situações indesejáveis, então, cabe ao cientista concentrar esforços para ampliar o alcance ao público de seu trabalho, pois um alcance restrito pode inclusive diminuir o impacto das contribuições feitas, retardando seu conhecimento e compreensão. Isso pode impactar, inclusive, no seu reconhecimento e na sua reputação.

A demarcação da contribuição individual do autor em um lugar específico no documento proporciona organização e sinaliza para uma tentativa de neutralidade do texto científico. Nesses momentos “sua voz” tem espaço. Em qualquer outro lugar ela poderia ser vista como deslocada e inconveniente. Como pode-se notar até aqui, um documento científico deve respeitar uma organização, uma certa liturgia de momentos e descrever de forma sistematizada a contribuição científica. Isso é uma tarefa que exige um processo sofisticado e cuidadoso, dessa forma, sua estruturação e comunicação não podem ficar subordinadas ao acaso ou ao improviso. O pesquisador deve imprimir o mesmo rigor com o quê promove seus testes à elaboração dos documentos que os divulgam.

Portanto, dada a importância de se fazer ciência, de comunicá-la e de difundi-la, não se pode desconsiderar um planejamento consistente, que valorize cada parte dos documentos, endereçando adequadamente as produções ao tipo do documento, ao veículo de difusão, ao campo epistemológico, ao público potencial leitor e à comunidade como um todo. 

(1) A objetividade Kantiana concentra-se na indispensável justificabilidade do conhecimento propostamente científico. Se algo é válido cientificamente a objetividade e a fundamentação serão suficientes para convencimento dos que observam o fenômeno com o uso da razão. (POPPER, 1972)

(2) Com a padronização e uniformização o autor do texto científico fica livre para concentrar seus esforços, com menor grau de distração, na elaboração da mensagem técnica da comunicação de qualidade. (FERREIRA, 2011)

(3) “Scientists should write direct, straightforward prose, free from jargon, verbosity and other distracting elaborations.” (BARRAS, 2005)

REFERÊNCIAS

BARRAS, ROBERT. Scientists Must Write: A guide to better writing for scientists, engineers and students. Second Edition. New York: Published in the Taylor and Francis e-Library, 2005.

BUARQUE-LIMA-NETO, F. Google Classroom: Notas de aula por áudio, Preparação de documentos científicos, 2019. Recife: PPG-EC, 2020

FERREIRA, GONZAGA. Redação científica: Como entender e escrever com facilidade. São Paulo: Atlas, 2011.

PEREIRA, M. G. Artigos Científicos: Como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

POPPER, KARL. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Editora Cultrix, 1972.

 

CAPACIDADE DE DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO: COMPETÊNCIA ESSENCIAL DOS CIENTISTAS E DIRIGENTES PARA PESQUISAS E PARA POLÍTICAS PÚBLICAS

O mundo está mudando muito rápido. Nesse sentido para obter relevância e contribuirmos no que realmente possui valor e é importante para o futuro, nós do mundo acadêmico, não podemos nos afastar da capacidade de diagnóstico estratégico e da força de implementação. Uma “boa estratégia é aquela que permite explorar competências essenciais e obter vantagem competitiva” (HITT et al.; 2008). A competitividade vista sob a perspectiva da busca da capacidade de entregar mais com menos e em menos tempo em benefício social e individual deve ser perseguida por todos que desejam prosperidade a partir do consumo racional, sustentável e inteligente de recursos.

Entretanto, para competir de forma eficaz se faz necessário a identificação das competências essenciais capazes de proporcionar vantagem competitiva em relação aos concorrentes. Nesse sentido, a busca de um conjunto coordenado e integrado de compromissos e ações para explorar as competências essenciais e obter vantagem competitiva deve ser compreendida como uma skill emergente do mundo, seja acadêmico ou organizacional (público ou privado). A própria definição dos problemas de pesquisa exige uma articulação dos temas com aspectos como relevância, viabilidade e originalidade, e o conhecimento produzido nessas balizas é capaz de promover sim inovação científica e tecnológica. O ensino também pode cumprir um papel fundamental na formação de quadros com alta capacidade de aplicação, especialmente quando utiliza métodos que favoreçam o enfrentamento a problemas do mundo real, e não apenas meras abstrações. E isso pode virar o jogo da desigualdade a favor de qualquer nação.

Dado isso, o incentivo aos cientistas e a escolha dos dirigentes de políticas públicas, que articulem ações consistentemente conectadas a um projeto de sociedade e nacional, considerando articulação da capacidade de diagnóstico e de implementação de estratégias, se apresentam como necessidades alarmantes e urgentes. O documento “GLOBAL ISSUE: Fourth Industrial Revolution”, do Fórum Econômico Mundial (que foi recentemente atualizado para o contexto da Pandemia mundial de Covid-19, incorporando a influência acelerativa que o momento histórico tem produzido) destaca, dentre outras questões, a importância de políticas públicas com visão de longo prazo, bem como a necessidade de uma atuação ética e para atendimento de múltiplas partes interessadas, e pode servir como um importante farol de linhas mestras para elaboração de estratégias conectadas à quarta revolução industrial.

A imagem anexo I mostra um roadmap sobre o desenvolvimento de competências para quem deseja ser um profissional Data Science “BIG DATA ANALYTICS DATA MINING MACHINE LEARNING”. Essa é uma das mais promissoras profissões para “quarta onda” no mundo do trabalho, e é comum se ouvir a máxima: “antes de alguém aprender tudo isso o conhecimento já estará obsoleto”. E no roadmap não há nenhuma skill relacionada a ética, por exemplo. Esses profissionais podem vir a ser os engenheiros chefes do futuro da humanidade, e isso deveria ser uma preocupação estratégica em sua formação, segundo a própria visão do Fórum Econômico Mundial.

Portanto, o investimento em recursos humanos e materiais não pode ser obra do acaso. Deve ser minuciosamente planejada, concebida estrategicamente, como uma política pública de longo prazo, pois assim, aumentamos nossas chances de estarmos em melhores condições competitivas. Que tal desenharmos esse roadmap?

REFERÊNCIAS

AMARO, RODRIGO GAYGER. Notas de aula do professor no III MBA em Finanças e Investimentos – Estratégia Empresarial, 2015.

HITT, M. A.; IRELAND, R. D.; HOSKISSON, R. E. Administração Estratégica: competitividade e globalização. São Paulo: Thomson Learning, 2008.

WEFORUM. GLOBAL ISSUE: Fourth Industrial Revolution. Disponível em:  <https://www.weforum.org/agenda/2016/01/the-fourth-industrial-revolution-what-it-means-and-how-to-respond/>, acesso em 21/07/2020.

WEFORUM. GLOBAL ISSUE: Fourth Industrial Revolution. Disponível em:  <https://intelligence.weforum.org/topics/a1Gb0000001RIhBEAW?tab=publications>, acesso em 21/07/2020.

GITHUB. Data Scientist Roadmap.  Disponível em:  <https://github.com/MrMimic/data-scientist-roadmap>, acesso em 21/07/2020.

ANEXO I

CIÊNCIA: PERCEPÇÕES SIMBÓLICAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS

Como é feita a ciência? Como se tornar um pesquisador independente? O que fazer para desenvolver cientistas produtivos e relevantes? Essas são perguntas aparentemente instrumentais, mas suas respostas carregam em si parte da explicação de como estão estabelecidos o tecido social, as relações sociais e a luta pelo poder.

PERCEPÇÕES INDIVIDUAIS: Santos e Slavi (2003) destacam em seu artigo sobre a “Semiótica Peirceriana” que para Charles Peirce todas as ciências seriam ciências da observação e que toda a lógica científica deriva da percepção, inclusive nas ciência exatas.
Durante um doutoramento, por exemplo, Buarque (2015) ensina em uma aula-conversa sobre doutoramento e produção de pesquisadores independentes, que a autodescoberta ontológica do pesquisador e a descoberta científica em si acontecem praticamente ao mesmo tempo.

PERCEPÇÕES COLETIVAS: Já enquanto processo coletivo, Marcuse (1968) destaca a ciência humana como “a mais poderosa arma e o instrumento mais eficaz na luta por uma existência livre e racional.” Destaca o autor que o esforço deve ir além do estudo em si dos laboratórios e salas de aula, em busca de uma condição social que permita combater a autodestruição humana. Afirma que a libertação em si não é mera consequência indireta da ciência, mas a sua própria realização. A figura abaixo elaborada por Ribeiro Filho et. al. (2009), a partir do pensamento clássico de Kunh (1970), representa bem o processo de construção social da ciência.

Na ilustração identifica-se que paradigmas científicos evoluem de acordo com o reconhecimento de anomalias em uma determinada teoria, isso resulta em um período de insegurança, que proporciona a geração de jogos alternativos de ideias, que segundo Khun (1970), a partir dessa colisão dialética são identificadas escolas de pensamento e é possível o estabelecimento de um novo paradigma dominante.

CIÊNCIA CONSTRUTO HUMANO

Assim, tende-se a crer em uma ciência como produto eminentemente humano, produzido pelas pessoas em uma relação quase simbiótica com a pesquisa, bem como na ciência como um processo social de validação por “iguais” e “seguidores” em busca da verdade paradigmática, da justiça científica, de uma ciência que seja humana, mas sobretudo não um fim em si mesmo. No contexto da luta pela liberdade e pela sobrevivência argumentada por Marcuse, o homem e a ciência cabem apenas em um lugar onde a vida e a liberdade são condições invariantes. A menos que socialmente se construa um pensamento autodestrutivo ou necrófilo. 

Combatendo a lógica instrumental da ciência, Fromm (1981) ensina que “(…) no pensamento científico, o pensamento correto é o mais importante, tanto sob o aspecto da honestidade intelectual como sob o aspecto da aplicação do pensamento científico à prática – isto é, a técnica.” (FROMM, 1981). 

Por fim, tenho novas perguntas, agora sequer podem ser confundidas por algum desatento com questões instrumentais, sob pena de ser classificado como cético, ou até mesmo como cínico. O conhecimento produzido por máquinas inteligentes pode ser chamado de conhecimento científico, dada a natureza da ciência como fenômeno humano e social? Os conceitos atuais comportam tamanha distopia? 

REFERÊNCIAS

ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência: Introdução ao jogo e suas regras. 20ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BUARQUE, F.B.L. Aula conversa como fazer um doutorado: stress-free. WWU-Münster, Out-2015.

FROMM, Erich. O medo à Liberdade. Ed. Zahar, 1981.

KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Série debates, Editora Perspectiva, 1970. 

MARCUSE, H. Texto revisado da palestra ministrada no Lake Arrowhead Center of the University of California, Los Angeles (julho de 1966). [tradução foi feita a partir da publicação de The responsibility of science em Leonard Krieger e Fritz Stern (Org.), The responsibility of power: historical essays in honor of Hajo Holborn (New York, Doubleday, 1967), p. 439-44. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662009000100008

RIBEIRO FILHO, José F. et al. Evolução da contabilidade financeira na perspectiva emancipatória de Erich Fromm: O processo de construção das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público — NBCASP. Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 4, n. 1, p. 5-20, jan./jun. 2009.

SANTOS, G. L.; SALVI, R. F. “Apontamentos sobre possíveis contribuições da semiótica de Charles Sanders Peirce na educação matemática.” Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia 6, no. 2 (2013).

INSTRUÇÕES ENTREGÁVEL BLOCO 1

Assistir a palestra desse link e produzir 1-2 páginas sobre qualquer um dos assuntos abordados e pertinentes ao escopo deste Bloco-1.

https://youtu.be/Oqytn2JZzhc

 

Produção científica e a terceira lei de newton

A terceira Lei de Newton marca a percepção do binômio ação-reação na natureza. 

To every action there is always opposed an equal reaction: or the mutual actions of two bodies upon each other are always equal, and directed to contrary parts.

(Newton Sir Isaac, 1729, p. 4)

Não existe ação sem reação e vice-versa. E isso não para por aqui, pois na natureza existem muitos outros binômios indissociáveis. Por exemplo, uma questão científica e filosófica que desafia de crianças a cientistas é a anedótica quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? A galinha depende do ovo para existir, assim como o ovo também depende da galinha para existir; condição sinne qua non de um para existência do outro.

Existem outros binômios desse tipo nas relações humanas. Por exemplo, durante muito tempo se discutiu sobre ensinar algo a alguém. Hoje, entende-se que só faz sentido discutir ensinar quando há o aprender, portanto, é mais comum encontrar o binômio ensino-aprendizagem na literatura especializada. A compreensão desse binômio mudou a pergunta de “como se ensina” para “como se aprende”. Outro binômio interessante é o dar-receber (give-receive), um dos princípios da comunicação não violenta de Marshall Rosenberg, muito bem expresso na música de Ruth Bebermeyer:

To receive with grace

may be the greatest giving.

There’s no way I can separate the two.

When you give to me,

I give you my receiving.

When you take from me, I feel so given to.

(Rosenberg, 2006, p. 5)

Trazendo esse conceito para a produção científica, os relatórios de pesquisa (teses, dissertações e artigos) são inerentes à pesquisa. Da mesma forma que não existe relatório sem pesquisa, pode-se afirmar que não existe pesquisa completa sem um relatório – “There’s no way I can separate the two”.

Também há uma retroalimentação entre as etapas da pesquisa e os elementos constituintes do relatório. Introdução (o que e por quê), referencial teórico, contribuição/método, resultados e conclusão são as seções esperadas em um relatório de pesquisa. E também são as etapas esperadas de uma pesquisa: identificar a área, o problema e a justificativa (introdução), pesquisar o que existe na literatura (referencial teórico), propor uma solução/hipótese e um protocolo de experimentação (contribuição/método), reportar os resultados (resultados) e por fim chegar à uma conclusão. 

Outra forma de visualizar o documento relatório é como uma resposta às perguntas:

  • O quê (qual a área e o problema)?
  • Porquê (justificativa e motivação)?
  • Como (contribuição/hipótese e desenho dos experimentos para avaliação da proposta)?
  • Quais os resultados dos experimentos?
  • O que se pode concluir?

O framework dos funis invertidos do Prof. Fernando Buarque (BUARQUE DE LIMA NETO, 2019), também se aplica às questões expostas acima. A primeira questão trata de uma perspectiva mais generalista, em relação à uma área de pesquisa. A segunda pergunta afunila um pouco mais, dado que justifica e motiva para um problema em específico. Na sequência, tem-se a máxima delimitação com a abordagem de uma proposta de contribuição científica. Por fim, a conclusão volta a retomar o “o quê?” abrindo a perspectiva e situando a contribuição em um cenário mais amplo.

É preciso pontuar uma diferença entre o relatório de pesquisa e a pesquisa em si. O processo de fazer ciência, como a maioria das produções humanas, é complexo. Complexidade significa ser enovelado, com múltiplas caminhos a serem percorridos nas mais diferentes ordens. O relatório é linear. A pesquisa não necessariamente é linear, pode ter várias idas e vindas – incluindo nas questões delimitadoras e motivadoras da pesquisa. Portanto, é um desafio trazer um pouco desse pensamento linear do relatório para a pesquisa e um pouco da complexidade do processo humano para o relatório. 

Referências

BUARQUE DE LIMA NETO, Fernando. Hints for Research PhD (and other research) Students – Part 1, 1 ago. 2019. Disponível em: 

<https://drive.google.com/file/d/1x6zdG5HGTQ4MKx1GcneSJftVu9yzrsqf/view?usp=sharing>. Acesso em: 20 jul. 2020

NEWTON, Sir Isaac. The Mathematical Principles of Natural Philosophy. Londres, 1729. 

ROSENBERG, M. B. Nonviolent communication: a language of life. 2. ed ed. Encinitas, Calif: PuddleDancer, 2003. 

Problemas ou oportunidades?

A América Latina é responsável por cerca de 10% da população mundial. São 20 países que juntos possuem uma área de aproximadamente de 20 milhões km². Dentre esses países, dois estão entre as vinte maiores economias do mundo (Brasil e México). Entretanto, diante de tantas possibilidades, apenas 5% da produção científica mundial advém da América Latina [1].

Certamente a América Latina convive com graves problemas como corrupção e escassez de investimentos. Mas, uma questão que pode passar despercebida é a falta de identificação das pessoas como cidadãos latino americanos – exceto quando cantamos a música de Belchior. Economicamente, existem dois principais acordos comerciais: a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Os dois tratados comerciais englobam apenas 55% (11) dos países da América Latina. Existem também alguns acordos específicos entre países, como o acordo de livre comércio para o setor automobilístico entre Brasil e México, mas, não há acordos extensos como um único bloco latino americano. Esse fato provoca um questionamento: realmente existe América Latina para além de uma região no globo terrestre de países com idiomas de origem comum? De outra forma, existe América Latina como um organismo vivo, composto de vários órgãos (países) com suas individualidades, mas que cooperam para um todo?

Mesmo com todas as dificuldades e a falta de integração, a América Latina consegue produzir bons pesquisadores e consequentemente boa ciência. Mas a produção científica na América Latina não movimenta a economia de forma relevante. Uma integração entre Indústria e Academia pode ser uma excelente oportunidade para ambos [2].

Vivemos o surgir de uma nova era. A revolução da automação [3]. Quando falamos de desenvolvimento tecnológico é muito difícil recuperar o tempo perdido para alcançar aqueles que estão na ponta. Mas, o surgir de uma nova tecnologia pode ser uma ótima oportunidade para entrar nesse jogo. No centro dessa transformação está a Inteligência Computacional (IC). A IC tem apresentado algumas características interessantes:

  1. Embora haja competição, é um ambiente majoritariamente colaborativo. Podemos usar frameworks, modelos, estruturas de nuvem sem altos custos – e algumas vezes sem custos. Grupos pesquisa (mesmo os das grandes empresas) participam de relevantes conferências e divulgam seus trabalhos, softwares e frameworks para toda a comunidade;
  2. O custo de hardware não é proibitivo. Embora recentemente tenham surgido modelos que nos fazem questionar essa premissa, para a maioria das aplicações práticas é possível usar computadores de médio porte para resolver problemas complexos;
  3. Embora seja uma área extremamente vibrante e com grande produção de conhecimento, existem muitos problemas em aberto e há muito espaço para aplicação nas mais diversas áreas.

A integração inteligente (em todos os sentidos) entre Academia, Indústria e Governo parece ser um bom caminho para uma transformação. Essa integração lubrificada pelas oportunidades que as pesquisas e aplicações da IC pode trazer frutos melhores. Em um segundo plano, a integração entre os países da América Latina, compartilhando cultura, comércio e ciência pode trazer um sentimento de pertencimento e resultados duradouros para todos os latino americanos.

Referências

[1] L. M. R. Ferreira et al., “Effective participatory science education in a diverse Latin American population”, Palgrave Commun., vol. 5, no 1, Art. no 1, jun. 2019, doi: 10.1057/s41599-019-0275-0.

[2] D. R. Ciocca e G. Delgado, “The reality of scientific research in Latin America; an insider’s perspective”, Cell Stress Chaperones, vol. 22, no 6, p. 847–852, nov. 2017, doi: 10.1007/s12192-017-0815-8.[3] D. Tobenkin, “The Automation Revolution”, SHRM, dez. 01, 2019. https://www.shrm.org/hr-today/news/all-things-work/pages/the-automation-revolution.aspx (acessado jul. 20, 2020).

Vontade de fazer doutorado?

A decisão de se submeter à um processo formativo cuja finalidade é a obtenção do grau acadêmico de doutor deve ser ponderada em vários aspectos. Trata-se de um caminho desafiador e com um objetivo ousado: tornar-se um(a) pesquisador(a) independente e como prova dessa habilidade adquirida ter produzido conhecimento científico relevante e inédito.

Muito se pode falar sobre o nosso processo de tomada de decisões. Há quem pense que a decisão pode ser um processo completamente racional. O notável Charles Darwin elaborou uma lista de prós e contras para tomar a decisão de casar-se [1]. Guardadas as devidas proporções, seria o ingresso no doutorado um caso de listas de pró e contras?

Embora para algumas pessoas esse processo racional funcione (o próprio Darwin parece ter tido sucesso com o casamento), certamente não funciona para outras. De outra forma, todos teríamos uma alimentação saudável e balanceada, leríamos pelo menos um livro por mês, praticaríamos meditação, teríamos rotinas saudáveis e seríamos super produtivos. Quantas pessoas se encaixam nesse padrão? Talvez nenhuma [2].

Existem explicações da neurociência para alguns desses comportamentos. Vivemos uma disputa entre estruturas racionais e lógicas e estruturas emocionais-sociais que terminam guiando uma busca pela felicidade utilitarista: maximizar o prazer e reduzir a dor. Portanto, o nosso lado racional consegue planejar que vamos acordar às 5 da manhã, fazer uma refeição saudável seguida de uma atividade física, iniciar o trabalho às 9h e ser super produtivo nas tarefas do dia. Entretanto, às 5h quando o despertador toca, o plano parece não fazer mais tanto sentido diante do prazer de continuar dormindo.

Aqui poderíamos começar falando sobre a vontade, no sentido filosófico, como sendo a força motriz que nos impulsiona para a ação. Essa situação humana pode ser resumida em duas frases. A primeira atribuída a Mahatma Gandhi: “A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável”. Gandhi coloca a vontade como fonte da força, indomável. A segunda frase é atribuída a Carlos Drummond de Andrade: “A minha vontade é forte, mas a minha disposição de obedecer-lhe é fraca”.

Portanto, a reflexão do porquê vivenciar um doutoramento é de extrema importância. As dificuldades do caminho fazem oscilar a vontade de viver a experiência. Entretanto, uma reflexão sobre propósitos e significado podem ajudar a estabelecer uma vontade menos oscilante. Manter alimentada a chama da curiosidade, um mecanismo interno que nos permite avançar para o desconhecido, também é importante. Não é tarefa simples, trata-se de reflexões que podem durar uma vida inteira.

De ordem prática, reflexões periódicas (diária, semanais, mensais) sobre o que temos feito e como nos sentimos em relação à essas coisas podem ajudar. Além disso, considerar nosso mecanismo biológico de confronto entre racionalidade e busca do prazer pode nos levar à melhores estratégias para planejar nossas rotinas e consequentemente melhorar a produtividade.

[1] M. POPOVA, “Charles Darwin’s List of the Pros and Cons of Marriage,” 2012. [Online]. Available: https://www.brainpickings.org/2012/08/14/darwin-list-pros-and-cons-of-marriage/ apud C. Darwin, The Correspondence of Charles Darwin, Volume 2: 1837-1843. Cambridge University Press, 1987.

[2] T. Rose, “The Myth of Average,” TEDxSonomaCounty, 2013. [Online]. Available: https://www.youtube.com/watch?v=4eBmyttcfU4.

Escrevendo Textos Científicos Chamativos

A escrita de textos científicos é um processo, para muitos, árduo, exaustivo e não recompensador. No entanto, é um processo essencial para o avanço da ciência, como aponta Peat et al [1] seria antiético realizar um estudo e não divulgar os resultados. Mas além disso, um processo que com boas práticas pode se tornar simples.

Uma das desmotivações associadas à escrita de textos científicos envolve a enorme quantidade de publicações existentes. Como fazer seu texto ser lido? Como ter um artigo chamativo? Primordial é a realização de uma pesquisa metódica e com achados relevantes, mas mais que isso, uma boa pesquisa deve ser acompanhada de uma boa escrita para que os achados ganhem visibilidade.

O primeiro contato dos leitores com seu trabalho será sempre o título, possivelmente o único contato. Logo Booth et al [2] exaltam a importância da elaboração do título, títulos curtos mas específicos impedem que leitores sejam desapontados ao se depararem com um artigo sobre um assunto específico, é indicado que a primeira palavra de um título seja uma palavra-chave do trabalho.

Tão importante quanto o título, na captura do leitor, é o resumo. Neste, deve-se condensar todas as informações do trabalho em algumas poucas palavras. A leitura do resumo informará ao leitor se o texto possui as informações que ele busca [1]. É possível e até necessário em alguns veículos que o resumo seja explicitamente divido nas seções presentes no texto.

Talvez a maior dica para escrita de textos científicos de modo geral seja a leitura, treinar-se a identificar bons e maus textos permitirá selecionar as características que os tornam bons ou maus e utilizá-las, as boas, em sua própria escrita. Espera-se, claro, que todas as demais sessões do texto recebam a mesma atenção que as aqui citadas, mas este texto limita-se as que possuem o maior impacto inicial no leito.

Referências

[1] Jennifer Peat et al. “Scientific writing: easy when you know how”. John Wiley & Sons, 2013.

[2] Vernon Booth et al. Communicating in science: writing a scien-tific paper and speaking at scientific meetings”. Cambridge University Press, 1993.

Ciência na América Latina

A América Latina é um subsistema regional geopolítico composto por 29 países das Américas central, do sul e dos Caribes [1], que compartilham como línguas-mãe os idiomas românicos.

Com uma população estimada de 635 milhões e área de 20,5 milhões de km² [2], a região forma um gigante que compartilha da Latinidade, uma identidade fluida e diversa, mas que compartilha de traços culturais e esforços históricos que ainda permeiam seus povos [3].

Das especiarias ao petróleo e independentemente da época, a América Latina sempre foi considerada rica nos recursos cobiçados pelos países dominantes, porém ao comparar a economia dos países latinos com as destes dominantes é verificada uma discrepância surpreendente.

Além disso, o valor latino não se limita à recursos naturais, a região possui trabalhadores excepcionalmente competentes e intelectualmente notáveis, Com 17 prêmios Nobel, nós possuímos a capacidade de propulsionar nossa identidade ao topo do patamar científico.

A Indústria 4.0 traz consigo um leque de problemas que apenas poderão ser resolvidos com as inovações possibilitadas pela Inteligência Artificial, no entanto é necessário organização entre governo e indústria para que, por meio das universidades, possamos capacitar cientificamente cidadãos para que descubram estes problemas e suas soluções. O não cumprimento deste processo inevitavelmente acarretará, mais uma vez, na transformação das nações da América Latina em colônias, desta vez tecnológicas.

Portanto, é necessária a união entre os países latino-americanos, para que a troca de poderio intelectual e experiências permitam a solução interna de problemas que assolam a região e posterior exportação de nossas soluções como uma potência tecnológica e científica.

Referências

[1] Adam Augustyn et al. “List of countries in Latin America”. In:Ency-clopædia Britannica(2017).

[2] UN Data. “Latin America and the Caribbean“, [online] available in http://data.un.org. In: Data. aspx(2019).

[3] Milagros Castillo-Montoya and Daisy Verduzco Reyes. “Learning La-tinidad: The role of a Latino cultural center service-learning coursein Latino identity inquiry and sociopolitical capacity”. In:Journal ofLatinos and Education19.2 (2020), pp. 132–147.